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O que é afantasia?

A afantasia é a condição neurológica, a qual a pessoa não visualiza imagens mentalmente.

Também conhecida como “cegueira da imaginação”, os afantasistas são pessoas que conseguem imaginar, porém elas não são capazes de formar e ver a imagem com seus olhos mentais. Esta condição pode ser inata ou ser adquirida no decorrer da vida, por exemplo como causa de um acidente.

Vamos a um exemplo concreto: você está conversando com uma pessoa e está vendo esta pessoa no seu todo, inclusive o meio onde vocês se encontram. Acaba a conversa, você muda de ambiente, vai para outro cômodo e tenta lembrar-se do que aconteceu, dos momentos anteriores e da conversa, a qual teve com esta pessoa. 

Se você tem afantasia, significa que vai se lembrar sobre o que foi falado na conversa, da pessoa em si, em aspectos a ver com outros sentidos, como a voz dessa pessoa, do cheiro, se teve a oportunidade de tocá-la, se lembrará da forma do toque, da temperatura, da textura. É possível até se recordar da cordos cabelos ou se possuía determinado tom de pele. No entanto, não vai conseguir montar uma imagem disso na sua mente. Não verá um desenho, uma imagem disso, nem mesmo um filme. Na sua mente, haverá somente um preto. Isso significa ter afantasia.

O que acontece na mente de um afantasista?

Segundo a neurociência atual, na afantasia, o centro visual está menos conectado ao córtex pré-frontal lateral e medial, as áreas do cérebro consideradas os controladores e geradores de impulsos de imagens internas. Essa redução na conexão do sistema cognitivo com o córtex visual pode ser uma explicação neurológica plausível porque os afantasistas tem percepção intacta, mas não conseguem formar e visualisar imagens.

Outra possibilidade da causa da afantasia inata seria um excesso de atividade da parte frontal do cérebro provocando uma hipofunção da parte occipital que impediria esta parte occipital de trabalhar bem e produzir imagens na quantidade necessária e em boa qualidade.

A afantasia é tida como uma característica. Ou melhor, ela não é considerada nem doença, nem deficiência. A explicação para tal é que não há um sofrimento causado diretamente pela condição. Principalmente se esta for inata.

Como saber se tenho afantasia?

O mais indicado é a ida a um neurologista. Mas você pode começar em casa por exemplo, com um exercício mais simples: colocar uma maçã na sua frente e tirar para tentar se lembrar dela logo em seguida. Tente ver a maçã ou a foto na sua mente, se não consegue visualizar, as chances são de que possua essa condição.

Se ainda está difícil abstrair o fenômeno, vamos a mais um exemplo: a sua casa.

Recorde-se da sua casa, do seu quarto. Você está vendo-o diariamente, sabe exatamente o que contém no ambiente, como é a cama ao lado da janela, alguns quadros, uma mesa, o seu armário do lado esquerdo, branco e vai até o teto… Enfim, você sabe descrever o que tem ali. Se você não está no ambiente e quer se lembrar dos objetos e suas respectivas disposições para descrever para outra pessoa ou por outro motivo, conseguirá. Entretanto, não conseguirá visualizar, ou seja, não será possível criar uma imagem visual, uma “foto” do seu quarto na mente enquanto realiza a descrição. Isso é ter a afantasia. 

Avalia-se que ca. de 95% da população, assim dizendo, a maioria das pessoas consegue visualizar aquilo que imagina, aquilo que se lembra, ou em forma de foto ou em forma de filme. Contudo, pessoas afantasistas, antes de ter consciência da sua condição, não sabem que são diferentes, pensam que todas as pessoas processam o mundo da mesma forma como elas.

Segundo o que se sabe até agora, parece que o afantasista em geral consegue compensar sua falta de imaginação visual através de outros sentidos. A sua memória se atém predominantemente por meio do olfato, do tato, da audição. Já os estímulos adquiridos pela capacidade visual concreta transforma-se em verbal, sem conseguir concluir uma imagem, apenas descrição.

Nuances e dificuldades da Afantasia

dificuldade em lembrar de suas autobiografias.

A afantasia para melhor entendimento, é dividida em vários graus, cujo o mais alto é o do indivíduo que não possui capacidade de visualizar nada durante sua imaginação.

Outras nuances além da visualiasação em preto são algumas linhas com cores. Ou seja, enquanto está se lembrando, dentro do olho interno dela,a pessoa está vendo linhas azuis e/ou verdes, enquanto outras conseguem ver as amarelas, as três cores mais comuns. 

Há outras pessoas com afantasia mais leve que conseguem ver a imagem, porém nebulosa, como que fora do foco. Outras pessoas conseguem ver o meio, mas não nitidamente o rosto, este fica fora de foco, nebuloso – fenômeno conhecido também como prosopagnosia. (cegueira de faces/rostos)

Outra característica descoberta é a com dificuldade em lembrar de suas autobiografias. Ou seja, a pessoa tem dificuldade em lembrar-se com detalhes sobre sua história de vida e até de momentos normalmente marcantes como casamento, aniversários de pessoas queridas, formaturas, etc.

Alguns afantasistas também tem dificuldade em lembrar-se de músicas – por exemplo aqueles trechos de melodias simples que tão comumente ficam por horas nas nossas mentes ou mesmo em abstrair músicas internamente na sua mente.

No cotidiano, o afantasista indiretamente também pode ter alguma dificuldade na escola ou no trabalho, já que algumas atividades como meditação guiada, escrever ditados escolares, desenhos guiados por músicas ou estórias cantadas são de difícil execução. Preferem a leitura técnica ou científica, as quais lhe oferecem dados mais concretos em comparação a romances com grande importância de descriçĩes de espaço. Tudo o que há de concretizar à partir de um motivo abstrato, torna-se complicado para um afantasista.

A afantasia faz parte da estrutura cerebral do indivíduo. No entanto, de acordo com pesquisadores, há dois momentos de exceção: em sonho e sob hipnose. Parece que para a maioria dos afantasistas lhes é possível ter visualizações de imagens mentais em estado subconsciente. Outros infelizmente nem assim.

O fenômeno da afantasia é conhecido desde o século XIX, porém até hoje é infelizmente muito pouco estudada. A primeira pessoa registrada foi um britânico chamado Francis Galton em 1980. Hoje, o pesquisador mais importante é Adam Zeman da Universidade de Exeter Grã-Bretanha, o qual em 2017 apresentou um estudo m significativo com centenas de pessoas com exames de tomografia magnética para descobrir quem poderia ter esta característica neurológica. Os estudos concluíram que uma média de 2% das pessoas em todo o mundo possui essa condição. 

Interessantes aspectos:

Devido à todas essas características, Afantasistas vivem com mais prazer o presente do que o passado e o futuro.

Isso dá-lhes uma oportunidade única em relação à maioria das pessoas: a capacidade de remoer menos e de ter viver menos ansiedade . No nosso mundo atual, talvez sejam mais dádivas do que simples caracteres. Além de que muitos afantasistas tem suas faltas imaginativas compensadas com intensificações dos sentidos (olfato, audição e a percepção maior de detalhes por elementos concretos.

Famosos afantasistas

O fenômeno ficou mais conhecido quando um engenheiro de informática, Blake Ross, um dos que desenvolvedores do Mozilla vei em público e declarou sua condição. Além dele, o geneticista Craig Venter, pioneiro em tecnologias ligadas à genética, que sequenciou o genoma humano, assim como Ed Catmull, presidente da Pixar e Glen Keane, ganhador do Oscar pela personagem “Arielle – a sereia” fazem parte do grupo de afantasistas.

Se você gostaria de fazer parte do nosso grupo de afantasistas, deixe aqui nos contatos do site um pequeno pedido com a palavra -chave “afantasia”

Saiba mais: Afantasia 2 assim como, O poder da Afantasia

Simone Clemens – Especialista em Superdotação pelo Centro Europeu de Pesquisas sobre Altas Habilidades da Universidade de Münster -Alemanha, Pedagoga montessoriana, Profa. de Música, fundadora da EducarSi